segunda-feira, 4 de abril de 2011

Suposto cativeiro de Eliza, sítio de Bruno em Minas Gerais está à venda


Belo Horizonte (MG) - O sítio do ex-goleiro do Flamengo Bruno de Souza em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde sua ex-amante Eliza Samudio teria sido mantida refém antes de ser assassinada, está à venda. Segundo o advogado Francisco Simim, que defende a ex-mulher de Bruno, Dayanne de Souza, a propriedade tem sido alvo constante de arrombamentos e a decisão pela venda foi tomada em comum acordo entre sua cliente e o ex-atleta, que ainda não estão divorciados.

De acordo com Simim, o sítio está avaliado em R$ 1,2 milhão, mas Bruno e Dayanne aceitam vende-lo por R$ 800 mil. "Queremos vender logo. Esse valor é para vender", afirmou. O advogado negou que a venda sirva para cobrir os custos de seus serviços na defesa da ex-mulher de Bruno. Simim afirmou que ainda que, desde a prisão de Bruno, o sítio não tem sido visitado, gerando despesas desnecessárias. Vida boa na cadeia Preso há 271 dias, acusado de matar a ex-namorada Eliza Samudio — o corpo não foi achado — o ex-goleiro Bruno Fernandes de Souza goza regalias na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), como revelou neste domingo o jornal ‘Estado de Minas’. Visita íntima, TV, rádio, comidas especiais preparadas e levadas pela família e futebol fazem parte do dia a dia de Bruno na cadeia. Longe dos presos comuns, ele fica em um pavilhão especial, onde divide a cela de dez metros quadrados e os privilégios com o fiel amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, um dos acusados do sumiço de Eliza. Ele dorme ao lado de Bruno num colchão no chão. A cela, que tem banheiro com água quente, só é trancada à noite. “Eu tinha amor de pagar as contas dele”, disse Macarrão, à polícia.

Uma vez por mês, Bruno tem direito à visita íntima da noiva, a dentista Ingrid Calheiros. Ela chega às 8h do sábado e só sai da unidade domingo às 17h. Nesse período, Macarrão fica em outro lugar.Para ter direito à visita íntima, Ingrid teve que comprovar união estável com Bruno e fazer exames médicos, entre eles HIV, norma do sistema penitenciário de Minas. Além da noiva, Bruno recebe visitas dos dois filhos, de Estela Trigueiro de Souza — a avó que o criou —, da sobrinha e de tios. Linguiça, bife, empanados e frutas são alguns do alimentos que Estela leva para o neto. Uns ficam na geladeira da penitenciária. O ex-goleiro do Flamengo chega a ganhar oito quilos de alimentos por fim de semana e, pelos Correios, recebe chocolates e produtos de higiene.Já o número de cartas é cada vez menor. Na cela, ele pode ver TV e ouvir rádio.

O advogado de Bruno, Cláudio Dalledone Júnior, espera conseguir a liberdade do ex-goleiro esta semana.

O caso

Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010, quando teria ido do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. Em 2009, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá.

A ex-mulher do ex-goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza teria sido assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do jogador e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime.

Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o atleta e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos.

Foto: André Mourão / Agência O Dia / Fonte: Agência O Dia

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