O livro Sarney – A biografia, de Regina Echeverria, foi lançado nesta terça-feira (22) em Brasília, com direito à presença na fila de autógrafos do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia, pivô do caso dos atos administrativos secretos, que paralisou a Casa em 2009. A prestigiosa movimentação em torno do senador, porém, desprestigiou a pauta legislativa, postergando a apreciação de temas como a Medida Provisória 510/10, que prorroga contratos de franquia de serviços a serem prestado pelos Correios (leia mais sobre a pauta pendente do Congresso).
Diversos senadores prestigiaram o lançamento do livro e suas 624 páginas, o que esvaziou a sessão plenária de hoje (terça, 22) e liberou a tribuna para discursos, sem espaço para votação. No início da noite, o Plenário chegou a registrar apenas quatro senadores, incluindo-se o presidente da reunião não deliberativa, Paulo Paim (PT-RS). No parlatório, Vital do Rêgo (PMDB-PB) e seu terno branco contrastavam com o mar azul de cadeiras vazias da “plateia”.
Além da MP – instrumento legislativo que tem provocado rebelião entre os senadores (leia aqui e aqui) – dois projetos de lei foram pautados para votação: o Projeto de Lei da Câmara 3/2010, que delega ao juiz a formação de colegiado para atuar em processos contra organizações criminosas; e o Projeto de Lei do Senado 185/2004, que estipula condições e limites para o uso de algemas. Ambos só podem ser votados depois da MP, que perde validade se não for votada até amanhã (quarta, 23).
Honoráveis bandidos
O anúncio de livros sobre o presidente do Senado costuma mesmo causar percalços – às vezes resultando em pancadaria, com direito a chuva de cadeiras de outros objetos nada celestes. Em 4 de novembro de 2009, quando a biografia não autorizada Honoráveis bandidos – Um retrato do Brasil na era Sarney, do jornalista Palmério Dória, era lançada no Sindicato dos Bancários, em São Luís do Maranhão, uma claque transformou o local em uma praça de guerra.
Na ocasião, o ex-governador do Maranhão Jackson Lago e o deputado federal Domingos Dutra (PT-MA), inimigos políticos de Sarney, prestigiaram o evento ao lado de opositores do governo Roseana Sarney, filha do senador. E acusaram-no de ter convocado uma “tropa-de-choque” para provocar o tumulto, que foi parar na polícia maranhense.
O momento cômico do lançamento de hoje, o da biografia autorizada, aliás, foi a performance da repórter Mônica Iozzi, do programa jornalístico-humorístico CQC (TV Bandeirantes). Ela pediu que Sarney autografasse Honoráveis..., mas não obteve sucesso na picardia. "Este eu não assino", esquivou-se o biografado.
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